O presidente da Associação de Cristãos da Nigéria (CAN), reverendo Ayo Oritsejafor, afirmou nesta quarta-feira (28) que os cristãos responderão "de forma apropriada" a possíveis novos ataques de grupos radicais islâmicos.

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A declaração foi em resposta à uma onda de atentados deflagrada no país pelos muçulmanos, que atingiram igrejas e escolas, deixando pelo menos 40 pessoas mortas e 90 mil feridos na noite de Natal.

Outros líderes religiosos também enviaram mensagens à sociedade nigeriana pedindo calma e reconciliação, e ao mesmo tempo pedindo ações contundentes do governo local para por fim à crise.

"Se o governo federal não é capaz de controlar a situação, deverá solicitar a intervenção internacional", acrescentou Anthony Afariogun, do Seminário Católico de Todos os Santos.

Os ataques dos muçulmanos aos cristãos provocaram o temor de uma onda de violência sectária e mesmo de uma possível guerra religiosa que possa afetar todo o país, segundo a agência France Press.

A autoria dos ataques foi reivindicada pela seita Boko Haram, que defende a criação de um estado islâmico na Nigéria e a implementação da lei sharia.

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A lei Sharia se caracteriza por um conjunto de regras e princípios, alguns fixos e outros mutáveis, interpretados e aplicados de acordo com cada região ou governante. As penas para quem transgride a sharia podem ir de chicotadas até apedrejamento, seguidos por amputação, exílio e até execução.
O grupo sectário pretendia também atingir símbolos da autoridade estatal, como polícia ou exército, com ataques a delegacias ou patrulhas.
Agora o país está apreensivo com o desencadeamento de confrontos entre cristãos e muçulmanos.

Prudência

Um dia após os atentados, o sacerdote Anthony Afariogun falou ao jornal "Vanguard" que os cristãos deveriam mostrar prudência para que a atual crise na Nigéria não se estendesse a apenas um problema religioso.
O arcebispo de Abuja, John Olorufemi Onayekan, pediu ao governo da Nigéria que defendesse os cristãos, afirmando ainda que os atentados islamitas não deterão o diálogo e a reconciliação com os muçulmanos.
Mas o arcebispo reconheceu que a situação estaria despertando ódio e tensões entre os grupos envolvidos – cristãos e muçulmanos.
Entre os partidos e grupos muçulmanos também há dissenções. A associação islâmica moderada Muslim Rights Concern (MURIC) divulgou nesta quinta-feira que concorda que a Boko Haram teria a intenção de iniciar uma guerra religiosa entre muçulmanos e católicos. "Querem criar a desconfiança mútua, o caos e o desrespeito à lei e à ordem", disse o grupo.

O governo nigeriano anunciou o início de uma cúpula de segurança nacional para o começo de 2012. A decisão foi anunciada depois de uma reunião de emergência realizada por causa dos ataques.